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UMA ANÁLISE DAS VELOCIDADES EM SAINT SEIYA

Atualizado: 8 de mai. de 2022

Saint Seiya possui muitas hipérboles, ou seja, expressões propositalmente exageradas para realçarem o impacto de algum acontecimento. Por causa disso, muitos fãs cogitam que as velocidades mencionadas na obra, especialmente os ataques na velocidade da luz, são apenas mais um exemplo desses exageros.


No entanto, neste caso as velocidades são reais. Os cavaleiros de ouro realmente conseguem se mover na velocidade da luz. Os cavaleiros de bronze realmente conseguem romper a barreira do som. Não quer dizer que eles façam isso sempre, mas eles têm a capacidade de fazer. E há vários momentos literais mostrando isso.


Logo no capítulo 2 do mangá, Seiya disparava apenas 85 golpes por segundo e precisou alcançar 100 golpes por segundo para atingir Shina. Para isso, ele precisou superar a velocidade do som, que é de 340 metros por segundo. O efeito prático desse aumento de velocidade foi uma discrepância entre o ataque e o som produzido.


No capítulo 26, Aiolia encontra Seiya nos arredores do hospital e explica: "Os cavaleiros de ouro atacam a uma velocidade de 300 mil km por segundo... Nesse tempo [1 segundo], podemos dar 7 voltas e meia ao redor da Terra". A velocidade da luz está explícita, tanto em seu valor absoluto quanto em seu valor relativo ao diâmetro do planeta. Não é sentido figurado, é literal.


Outro momento literal é quando Seiya enfrenta Saga no capítulo 44. Seiya está lançando seus meteoros em velocidades cada vez maiores, graças à elevação de cosmo. E Saga diz escancaradamente a velocidade deles: "Mach 1... Mach 10... Mach 35... Mach 120!". Até que Seiya atinge o sétimo sentido e Saga exclama: "Velocidade da luz!". A título de informação, a velocidade da luz é cerca de Mach 874.030.


Na coleção Tokumori há dois trechos bastante propícios. Um leitor pergunta a Shion como ele conseguia treinar Mu, se ele residia no Santuário e Mu ficava em Jamiel. Outro leitor perguntou se as convocações do Santuário chegam pelo correio (uma pergunta interessantíssima). Eis as respostas:

Nós [os cavaleiros de ouro], que podemos nos mover na velocidade da luz, que podemos nos teleportar em um instante e que podemos conversar por meio de telepatia, de fato não precisamos dos chamados meios convencionais de envio.
Sobre o treinamento do Mu, você pode estar um pouquinho esquecido do principal. Os cavaleiros de ouro podem se mover na velocidade da luz. Tenha em mente que ela significa 300.000 quilômetros em um segundo. Dar o treinamento de Mu indo da Grécia para Jamiel e retornar ao Santuário não é problema algum para um cavaleiro de ouro.

 

Voltando ao capítulo 2, vamos admitir que 100 golpes por segundo equivalham a 340 metros por segundo na obra. Sendo assim, 100 golpes correspondem a 340 metros. O que isso quer dizer?

 

Em física, análise dimensional é o estudo da homogeneidade de uma equação a partir das suas grandezas físicas. No caso dos golpes em Saint Seiya, poderíamos dizer que:


[golpes / segundo] = [golpes / metro] x [metros / segundo]


Ou seja, [100 golpes por segundo] = [100 golpes a cada 340 metros] x [340 metros por segundo]. Essa relação de 100 golpes a cada 340 metros (ou seja, 1 golpe a cada 3,4 metros) deve ser uma constante relacionada ao movimento do corpo para performar o ataque. Isso significa que o Seiya só consegue disparar o segundo soco após o primeiro se deslocar 3,4 metros.


No capítulo 3, Tatsumi disse que, se um adversário estiver situado a 3,4 metros, um cavaleiro na velocidade do som conseguiria atingi-lo 100 vezes. Isso faz todo o sentido, pois cada golpe é disparado após o golpe anterior se deslocar 3,4 metros - e assim atingir o hipotético adversário. Em 1 segundo seriam disparados 100 golpes e todos eles o atingiriam.

 

E no caso de um cavaleiro de ouro, como Aiolia? Por incrível que pareça, essa relação permanece aproximadamente constante. A velocidade da luz (no vácuo) é 299.792.458 metros por segundo. [1 golpe a cada 3,4 metros] x [299.792.458 metros a cada segundo] = [88,2 milhões de golpes a cada segundo]. Como sabemos, oficialmente Aiolia consegue disparar 100 milhões de golpes a cada segundo (e possivelmente esse valor está arredondado).


Mas como essa relação é constante mesmo para velocidades tão diferentes? Porque, novamente, ela depende apenas do movimento executado pelo cavaleiro. O segundo soco de Aiolia só é executado após o primeiro percorrer 3,4 metros, mas essa distância é percorrida muito rapidamente, pois o soco é disparado na velocidade da luz. Como Aiolia se movimenta na velocidade da luz, ele consegue manter essa constância de disparos. O movimento físico dos ataques é similar independentemente da velocidade de quem dispara os socos, mas é a velocidade que determina quantos ataques serão. A quantidade de socos que Aiolia executa (100 milhões por segundo) tem total relação com a velocidade literal que um cavaleiro de ouro atinge - a velocidade da luz.


Obs: Há quem pense que Aiolia dispara 1 bilhão de socos por segundo, mas isso é um erro de tradução da Enciclopédia nacional. Na versão original, a Enciclopédia diz 100 milhões de socos por segundo: 一秒間に一億

 

Na Enciclopédia Oficial, há outro trecho propício. Ao analisar o poder de um cavaleiro de ouro, é dito: "A fórmula que representa a energia é E = m c² [fórmula proposta por Einstein, onde E é a energia, m é a massa e c é a velocidade da luz]. (...) Os cavaleiros de ouro são guerreiros miraculosos que conseguem movimentar-se à velocidade da luz. A superioridade do poder de um golpe à velocidade da luz dispensa explicações".


Vale mencionar que essa famosa equação não deveria ser adequada para descrever um golpe em velocidade (seja qual for ela, não só a da luz), porque ela descreve a energia de um objeto em repouso. Quando aplicamos uma força a um objeto, impomos a ele uma aceleração, que altera sua velocidade. Se um corpo atingisse a velocidade da luz, que é o limite máximo do universo, nenhuma força seria mais capaz de acelerá-lo, pois ele não poderia mais aumentar sua velocidade. Seria como se ele estivesse com uma inércia infinita.


Entrando no campo da Teoria da Relatividade de Einstein, a massa de um corpo varia conforme sua velocidade (chamada massa relativística), sendo essencialmente constante nas velocidades comuns do dia-a-dia, mas estupidamente elevadas em velocidades próximas à da luz. A energia transferida em um soco seria a diferença entre a energia associada à massa relativística (do punho) e a energia associada à massa no repouso (do punho), sendo dada pela equação E = m c² / [(1 - v² / c²)^(1 / 2)] - m c², onde v é a velocidade. Para baixas velocidades, e isso se aplica também às velocidades dos cavaleiros de prata e bronze, a equação converge para a expressão clássica da energia cinética E = m v² / 2. Já para velocidades cada vez mais próximas à da luz, o valor de E cresce rapidamente e, quanto mais próximo v estiver de c, maior é a energia. No entanto, a equação mostra que nenhum corpo com massa pode atingir a velocidade da luz (v = c), pois isso ia requerer uma energia infinita. A massa relativística estaria tendendo ao infinito e, fisicamente, a massa de um corpo mede sua inércia.


Em outras palavras, deveria ser impossível para qualquer cavaleiro atingir a velocidade da luz, se as leis da física fossem perfeitamente respeitadas na obra. A conclusão óbvia é que Saint Seiya nitidamente não segue com fidelidade a física do nosso universo, talvez porque o cosmo permita criar milagres. Pode ser então que a equação E = m c² seja de fato a que representa a energia de um golpe na velocidade da luz em Saint Seiya.


Admitindo que isso seja verdade, então é como se os ataques frutos do cosmo manifestassem uma parcela da energia do repouso. Daí, um ataque no sétimo sentido - ou seja, na velocidade da luz - é capaz de manifestar toda a energia do repouso, dada pela equação E = m c². Comparando-se com a equação da Teoria da Relatividade, um ataque à velocidade da luz em Saint Seiya corresponderia a um impacto no mundo real a uma velocidade cerca de 87% da velocidade da luz. Seria um poder equivalente a centenas de bombas de Hiroshima.

 

É possível que o leitor pense: "mas se os cavaleiros se movem tão rápido, por que não vemos isso?". Acontece que o próprio mangá deu a resposta. Na Guerra Galática, todos pensaram que Seiya havia derrotado Geki com apenas um chute, mas Jabu explicou: "Não foi apenas um chute, Seiya executou dezenas de chutes como se fossem meteoros. Mas uma pessoa normal não pode perceber isso". E nesse momento a ordem de grandeza da velocidade do Seiya era a do som. Isso é logo no capítulo 4, para já deixar avisado que as velocidades não seriam nada normais para pessoas comuns.


Durante a batalha das Doze Casas, o mangá mostra claramente os momentos em que os cavaleiros de bronze começam a enxergar as técnicas na velocidade da luz, pois antes mal viam um brilho e já recebiam o golpe. Um bom exemplo é a luta entre Seiya e Aiolia na Casa de Leão. Exatamente da mesma forma as pessoas normais não viram as dezenas de chutes do Seiya na velocidade do som. A obra faz questão de deixar clara a reação dos personagens a velocidades acima da sua capacidade, para que o leitor veja o que o personagem também vê. É claro que nem sempre os personagens estão se movimentando em velocidades sobre-humanas, mas tais velocidades são literais e não hipérboles.





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