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SOBRE SPIN-OFF E CÂNONE

Atualizado: 14 de jul.

Em Saint Seiya, costuma-se utilizar o termo "spin-off" para caracterizar algo que não é canônico, como se um fosse o oposto do outro. "Essa obra é canônica? Não, é spin-off". Porém, ao menos em outras franquias e outras áreas do entretenimento, essa não é necessariamente a definição mais correta de spin-off. Teoricamente, um spin-off pode ser canônico.


A definição mais usual de spin-off é qualquer trabalho narrativo derivado de uma ou mais obras já existentes, que se concentra em detalhes sobre um aspecto secundário desse trabalho original (por exemplo, um tópico, um personagem ou um evento específico). Isso não impede que um spin-off possa ser canônico. Ele apenas foca em abordar uma história derivada da obra original, geralmente com outros protagonistas. Se é canônico ou não, depende do contexto.


Por exemplo: muitos classificam Rogue One como um spin-off de Star Wars, pois aborda uma história mencionada - mas nunca explorada - na franquia clássica, com outros protagonistas. E Rogue One pertence ao cânone de Star Wars. Better Call Saul funciona como um prequel de Breaking Bad, contando o passado de Saul Goodman, que não era um dos protagonistas da série original. É um prequel, mas é um spin-off. É um spin-off, mas é canônico.


Em Saint Seiya, os melhores exemplos eram os mangás curtos Episode Zero, Origin e Destiny. Atualmente já não faz mais sentido classificá-los como spin-offs, pelo fato de eles terem sido incorporados ao mangá clássico na versão Final Edition, se tornando efetivamente capítulos da obra principal. Mas antes, quando eram obras isoladas, eles poderiam ser considerados spin-offs canônicos. Os mangás utilizam outros protagonistas para explorar histórias que já haviam sido mencionadas na obra clássica, mas com pouquíssimos detalhes. Pela definição, seriam spin-offs, mas sem dúvida alguma são canônicos.


No caso dos spin-offs de outros autores de Saint Seiya, seria bastante simples de se considerar que cada um deles faz parte de um universo diferente, compondo um multiverso. E para certas obras isso é a única solução possível: Ômega e Soul of Gold pertencem ao universo do anime clássico e não do mangá clássico, por abordarem conceitos exclusivos ao anime (cavaleiros de aço e Asgard, respectivamente). O próprio tema de universos paralelos já foi abordado em Episódio G Assassin.


A situação de Episódio G (e sequências), Lost Canvas e Saintia Sho é diferente porque tais obras se baseiam no mangá clássico. Elas poderiam ser canônicas, no sentido de fazerem parte do mesmo eixo de eventos criados por Kurumada. E muitos fãs desejam que a franquia seja um grande universo compartilhado, de forma similar ao Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) onde todos os filmes se conectam em uma grande narrativa. O problema é que esses mangás não são considerados canônicos mesmo.


Todos eles apresentam algumas diferenças conceituais em relação ao cânone de Kurumada. Episódio G e Lost Canvas consideram que o Satã Imperial é uma técnica do Grande Mestre, em vez de uma técnica de Gêmeos; Lost Canvas considera que as Ondas do Inferno funcionam normalmente em espectros, quando Manigold usou contra Veronica, mas Next Dimension mostrou que não; Episódio G mostrou uma versão da fuga de Aiolos que não bate com a mostrada em Episode Zero; Saintia Sho reaproveitou o lado maligno de Saga - que havia sido expulso de seu corpo - durante toda uma Guerra Santa contra Éris, enquanto em Origin ele simplesmente voltou aos pés de Ker; Lost Canvas considera que os nomes dos espectros são sempre os mesmos, adotados ao se tornarem espectros, enquanto no cânone eles usam seus nomes de humanos. Além disso, unindo essas três obras ao cânone, a quantidade de armaduras de prata ultrapassaria as 24 definidas pela Enciclopédia e pelo Hipermito.


É claro que é sempre possível bolar explicações para essas divergências, de forma a conciliar tudo. Alguém poderia dizer que o Satã Imperial é de Gêmeos mas que os Grandes Mestres tradicionalmente o aprendem. E que o Ondas do Inferno só funcionou em Veronica porque seu poder naquele momento vinha dos deuses gêmeos e não de sua sapuris. E que a versão da fuga do Aiolos em Episódio G era como Shura se lembrava, e não como realmente foi. E que os eventos de Saintia Sho envolvendo o lado maligno de Saga realmente aconteceu, e apenas não foi mostrado em Origin. E que os espectros podem usar tanto seus nomes de humanos quanto seus nomes mitológicos caso desejem. E que a contagem de armaduras é imprecisa, uma vez que o mangá clássico nunca disse que são 24 de prata.


Na prática, para fins de organização de um único universo, tais detalhes poderiam até ser ignorados. Seria como a própria mitologia grega, com informações divergindo dependendo do autor. Ou como o Hipermito, se dizendo ser fruto de pesquisa da Fundação Graad, o que abre margem para que futuras correções sejam feitas e justificadas como sendo novas pesquisas.


No entanto, é prudente que essas obras sejam encaradas como universos diferentes. Por mais que Kurumada forneça elementos chave e seja creditado como supervisor, os eventos de cada spin-off refletem a visão que seu mangaká tem de Saint Seiya, e é de se esperar que cada mangaká tenha uma visão diferente.

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