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  • Foto do escritorcasadeserpentario

LEMUR, O LADO MALIGNO DE SAGA

Atualizado: 22 de mar. de 2022

Saint Seiya Origin revelou que Ker, a irmã de Hypnos e Thanatos, foi a responsável pelo lado maligno de Saga. Ela introduziu um espírito maligno chamado Lemur (レムール), que todos veriam apenas como dupla personalidade.


Esse nome imediatamente faz lembrar de lêmure, o simpático bichinho de Madagascar, ou ainda de Lemúria, o suposto continente perdido habitado pelos lemurianos. Todos esses nomes tem uma origem em comum e mitológica. A começar, "Lemúria" vem de "lêmure", o animal. Por sua vez, "lêmure" vem do latim e significa "fantasma". O animal lêmure recebeu esse nome por causa de personagens da mitologia romana também chamados lêmures.


Os lêmures (plural de "lemur") da mitologia romana eram espectros perversos e temíveis dos mortos. Aparecendo em formas grotescas e aterrorizantes, eles assombravam e feriam seus parentes vivos. Essas entidades eram cruéis e malévolas e seriam os espíritos de ladrões e criminosos, de sujeitos que foram amaldiçoados e executados e, ainda, de indivíduos que, por alguma razão, não tiveram um sepultamento formal, como o caso de marinheiros que morriam e tinham seus corpos jogados ao mar.


Em Saint Seiya, assim como na mitologia, Lemur não é exatamente o nome próprio do espírito e sim o nome que se dá àquele tipo de espírito que Ker manipula. Ela cogitou fazer com Kanon o mesmo que fez com Saga, comentando a possibilidade de um Lemur possuir seu corpo.


Lemur é o segundo personagem da mitologia romana a ser citado na obra canônica - o primeiro foi Cupido (キューピッド), na conversa entre Thanatos e as ninfas. Porém, Lemur não possui uma correspondência na mitologia grega, diferentemente de Cupido, que é associado a Eros.

 

O mangá clássico já havia dado pistas da existência do Lemur. Ou, no mínimo, de algo estranho dentro de Saga e que não era apenas dupla personalidade. Quando a luz do escudo de Atena atingiu o cavaleiro de Gêmeos no capítulo 46, um "ser" foi visto saindo de seu corpo. Não se sustenta a interpretação de que isso seria apenas uma forma de representar o lado maligno para o leitor, pois Seiya percebeu a aura saindo.


Essa cena foi completamente alterada no anime - na realidade, desde a chegada de Ikki no salão do Grande Mestre, praticamente tudo que se passa no anime é diferente do mangá. No episódio 72, a luz do escudo salvou Atena, mas não atingiu Saga, que continuou maligno. A batalha se estendeu durante o episódio 73, até que o cavaleiro de Gêmeos tentou atacar Saori e sua armadura o abandonou. Então Saori disse: "O golpe de Seiya pode não tê-lo ferido muito, mas ele deu um golpe fatal no cosmo maligno que dominava o seu coração. (...) Agora, aos poucos, Gêmeos, você está voltando para o bem".


Quando Saga comete suicídio no anime com o báculo de Atena, ele volta a apresentar seu lado bondoso, mas a expulsão do lado maligno como um "ser" não foi retratada como no mangá. Embora não haja qualquer explicação de como o golpe do Seiya possa ter atingido a maldade no coração de Saga, esta versão do anime permite que Saga de fato tenha sofrido apenas com dupla personalidade, enquanto a versão do mangá sugere algo mais.


Uma outra passagem destacável é no capítulo 94 do mangá, quando Hades alega ter tomado o corpo de Shun por completo. Seus cabelos se tornam negros, e Ikki afirma: "É o mesmo fenômeno que acontecia com Saga quando se tornava maligno". Curiosamente, essa fala também é retratada no anime, no episódio 8 de Hades: Inferno.


Em 2002, Masami Kurumada deu uma entrevista em que, dentre outras coisas, comentou:

"Por que Saga tentou matar Atena? Talvez houvesse outro deus atrás dele instigando... Pensando nisso, talvez a Guerra Santa tenha começado a partir desse momento". A entrevista foi dada em função do lançamento de Saint Seiya Episódio G, escrito por Megumu Okada. Nesse mangá, o titã Cronos instigou Saga a matar Atena (capítulo 1). No entanto, nesse mangá Saga parecia já possuir seu lado maligno e já havia usurpado o trono de Grande Mestre. Sendo Ker a verdadeira causadora do lado maligno de Saga, pode-se enfim dizer que a Guerra Santa havia começado a partir desse momento.

 

Quando Origin foi lançado, muita gente se decepcionou com a existência do Lemur, por interpretar que isso tira toda a complexidade de Saga. Afinal, o seu lado maligno não era natural dele, mas algo colocado externamente. Ele seria apenas um receptáculo.


Ker de fato afirma que o Lemur é um espírito maligno. Como mencionado, ela chegou a cogitar colocar também um Lemur em Kanon, mas desistiu porque este já acreditava que era malvado. No entanto, não foi explicado claramente como ele produz um lado maligno em seu hospedeiro.


Sabe-se que Saga possuía um coração tão puro que era visto como a própria encarnação de um deus (capítulo 45). Vale mencionar que, de acordo com Odisseu em Next Dimension (capítulo 88), todos os seres humanos são originalmente bons. Por outro lado, Saga não deveria ser absolutamente isento de qualquer pensamento maligno, porque, de acordo com Shaka no mangá clássico (capítulo 35), não existe bondade perfeita nem maldade perfeita. Mu (capítulo 46) também afirma que no coração dos seres humanos existe o bem e o mal, e e quando a razão se impõe o mal cede.


Apesar de Saga lutar internamente contra seu lado maligno, a ponto de tentar cometer suicídio em Origin, às vezes suas atitudes condenáveis ocorreram quando o lado bondoso estava dominante. Por exemplo, quando ele invadiu Star Hill e foi tirar satisfação com Shion por ter escolhido Aiolos como sucessor (capítulo 45). Ao longo dos 13 anos em que governou, Saga tentou esconder seus atos malignos para continuar governando.


É imensamente provável que Saga tenha agido dessa forma por influência do Lemur, o pressionando em sua mente. Por outro lado, o Lemur também atendia a algumas vontades de Saga, como por exemplo quando permitiu que Shun cruzasse a Casa de Gêmeos (capítulo 32).


Também é importante comentar que o lado maligno de Saga demonstrava uma linha de raciocínio que, ainda que seja maligna, completamente ambiciosa e desprovida de bom senso, desejando obter o escudo e o báculo de Atena para poder governar o mundo sem temer ataques de outros deuses (capítulo 43), outras vezes ele demonstrava agir assim justamente para proteger a Terra desses deuses (capítulo 45).

Por que eu não devo dominar a Terra? Não deveria ser o mais poderoso a governar o céu e a terra? Se não fosse pelos fortes, este mundo já teria sido destruído há muito tempo! Desde que a Terra nasceu, incontáveis seres perversos e até deuses tentaram fazer isso... Zeus nos céus, Poseidon nos mares e Hades no Submundo, todos tentaram subjugar o mundo! A menos que alguém com um poder similar os enfrente, eles vão invadir e destruir a Terra!

É verdade que isso poderia ser apenas uma tentativa de convencer sua armadura de que o que ele estava fazendo era justo, quando ela chorou pelas suas atitudes. Ou talvez uma tentativa de convencer a si mesmo de que era justo, externalizando como se fosse para a armadura. Ou, ainda, poderia ser uma influência do lado bom de Saga tentando colocar alguma razão na megalomania do Lemur.


É sabido em Origin que Saga pensava que seu lado maligno era parte de si mesmo, uma maldade que habitava seu coração - e todos pensaram isso, como Ker previu. Mas um detalhe que não deve passar batido é que o lado maligno de Saga também se via como Saga (capítulo 45), e não alguém se apossando do corpo de Saga, como é o caso de Hades quando se apossou do corpo de Shun (capítulo 94). Basicamente, Saga e Lemur se viam como um só, ainda que discordassem completamente um do outro.


Mesmo que se defenda a ideia de que o lado maligno de Saga seja o próprio Lemur, como se de fato uma segunda personalidade tivesse sido inserida externamente, não se pode negar que Saga cresceu acreditando que isso fazia parte de si. O sofrimento de Saga foi genuíno. Porém, existe ainda a forte possibilidade de o Lemur amplificar os pensamentos destrutivos que existem no coração de seu hospedeiro - afinal, como visto, algo de maligno deve haver no coração de todo ser humano, mesmo que sua essência seja boa. Com a expulsão do Lemur do corpo do Saga, a razão pôde voltar a se impor e fazer a bondade retornar.

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